terça-feira, 30 de abril de 2013

Falso Desapego

Me despeço rápida e friamente, num falso desapego, mas, na verdade, o que eu tenho é medo, medo que você ouça os suplícios dentro de mim te dizendo: fica, não tem graça sem você.

Não omito meu amor por maldade, mas porque sou um produto de uma geração de covardes, que ensina que você só vai se apegar a mim, se eu me mostrar desapegada de você. Você, que é tão especial, que tem o poder de fazer uma pseudo-revolucionária prestar obediência, sem qualquer questionamento, à manuais afetivos criados pela sociedade sem sequer um fundamento lógico, porque neles há a promessa do seu afeto, ao final.


E como nosso possível futuro apego parece se enquadrar perfeitamente nas minhas lacunas afetivas, eu seguro, seguro todas as declarações de amor e de carinho que há algum tempo te pertencem e que se rebelam dentro de mim sedentas pelos teus ouvidos.

terça-feira, 16 de abril de 2013

VIDA - Classificação: Tarja Preta

Não tenho paciência pra gente que vive a vida em doses homeopáticas. Não há tempo pra isso. A vida é a porra duma loucura tarja preta. Parem de me mandar ter calma, o tempo não vai ter calma comigo. Por mais que se diga que cada um tem seu ritmo, é verdade das mais tristes, que o tempo não vai respeitar o teu ritmo. Ele vai passar. Ele vai passar sem respeitar ou perdoar a lentidão alheia. Esse tempo maldito, que apesar de curar, também distancia e apaga. Esse tempo maldito que envelhece, que maltrata. A vida é essa eterna briga contra o tempo. É uma briga contra ela mesma, já que a vida não passa de uma miséria de tempo que te dão por aqui.

OBS: Whisky me enche dessas filosofias baratas. Ou, talvez, só faça elas saírem de dentro de mim.

São Paulo, 17 de abril de 2013.

domingo, 7 de abril de 2013

Expressar, expressei, expressem!

Antes eu deixava de me expressar por vergonha. Vergonha do que podiam achar de mim por ter aquela opinião, por receio que minhas opiniões fossem muito radicais, por medo das críticas, por conta dos meus possíveis erros de ortografia e até mesmo por não querer ser convencida de que estava errada.

Depois eu descobri que vergonha é não expressar o que eu acredito.

E, se minha opinião for inútil, não vai fazer mal deixar ela consignada. Se muita gente tiver a opinião contrária, debater é sempre bom e, se o debate for com pessoas instruídas, ele só tende a levar ao amadurecimento da ideia. Se minha opinião for muito radical, que me convençam à suavizá-la, ou que eu saiba como os convencer de que, as vezes, certo radicalismo é necessário. Se minha opinião for fraca, que eu seja obrigada a endurecê-la para defender minhas ideias.  Se alguém se ofender com minhas opiniões, que eles sejam obrigados à respeitá-la, porque esse é um dos fundamentos básicos de um estado democrático de direito. Se eu tiver exagerado na manifestação, que me aconselhem a me conter. E assim por diante...

Expressar nossas ideias faz com que possamos evoluir, ou, mesmo, desistir de ideias que obstavam nossa evolução.

Por isso, concluo que o lado ruim de nos expressarmos é quando deixamos de fazer isso.


São Paulo, 07 de abril de 2013.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

A lembrança que me restou dele.

Ele sempre foi de uma imprevisibilidade cruel e apaixonante. Era absurdamente charmoso e, o pior, tinha tanta cultura e inteligência quanto charme, o que, no final das contas, é a combinação letal pro coração (no sentido metafórico e mais romântico da palavra) de qualquer garota (ou, ao menos, pro meu, foi). É claro que eu sofri, que nossos gênios fortes geraram brigas intermináveis, intermináveis porque além de orgulhosos, os dois membros da briga eram excelentes argumentadores. Ah, os advogados, irresistíveis e, ao mesmo tempo impossíveis de se aguentar. Perdi a conta de quantas sessões de terapia gastei falando dele. O relacionamento, em sua fase séria, não durou quase nada, mas o que eu aprendi com ele tá cravado em mim até hoje, intelectualmente e afetivamente. Aprendi com ele muito sobre mim, aprendi com ele muito sobre o mundo, aprendi com ele que eu nunca aprenderia o suficiente pra domar ele. Mas, nossa, que carinho enorme me restou por aquele gênio indomável. Você sabe quão especial uma pessoa é, quando mesmo após um término tumultuado e doloroso, você não consegue evitar em sentir um enorme carinho por ela. E, de vez em quando, ele vem a minha lembrança porque eu fico tentando imaginar o que ele me diria em determinados momentos. É bem verdade que ele não estava preocupado se ia ou não me machucar com as suas opiniões, o que eu acreditava detestar, até descobrir que foi por aquela sinceridade inconsequente que eu tinha me apaixonado. Espero que ele esteja feliz e, que eu tenha feito ao menos metade da diferença que ele fez na minha vida, na dele. 

Talvez seja nesse quesito que os relacionamentos se tornem eternos, nas lembranças dos que foram um dia apaixonados.

São Paulo, 05 de abril de 2013.

Integração ou Distanciamento?

É perverso como os meios de comunicação modernos me integram à sociedade, mas me afastam dos meus pensamentos e, consequentemente, do autoconhecimento e do conhecimento clássico. Parece que quanto mais integrados à sociedade, mais longe nos colocamos de nossos "eu"s. Tentando prestar atenção a tudo que está a nossa volta, deixamos de prestar atenção em nós mesmos.

Observação: Constatação feita depois que eu passei 36 horas sem meu IPHONE, que foi furtado. Ressalte-se que nessas 36 horas, apesar de me sentir meio distante da sociedade, além de eu ter cumprido minhas obrigações, começei a estudar matéria atrasada e iniciei a leitura de um livro que há muito tempo estava na minha estante, esperando eu parar de mexer no IPHONE pra ser lido.

São Paulo, 02 de abril de 2013.

Tristeza Musical.


Observação: desenterrando textos da adolescência.

"Rob: What came first, the music or the misery? People worry about kids playing with guns, or watching violent videos, that some sort of culture of violence will take them over. Nobody worries about kids listening to thousands, literally thousands of songs about heartbreak, rejection, pain, misery and loss. Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listened to pop music? "
Que a miséria sempre vem acompanhada de uma música é fato. O problema é quando a miséria vem acompanhada de várias músicas. As coletâneas depressivas estão por toda parte. Se você está triste, frustrado, levou um pé na bunda, é só ir ao arquivo de músicas mais próximo e achar a trilha musical da sua miséria.
Quando foi que as pessoas se acostumaram tanto com a miséria e a miséria se tornou tão musical? Lágrimas são a moeda de troca da nova geracão. Emos que o digam. As pessoas vivem de miséria e a miséria vive de música. As músicas felizes não têm conteúdo e as músicas com conteúdo não são felizes. É como se a inteligência fosse uma eterna depressão e como se todos musicalizassem eternamente isso.

Belém, 12 de abril de 2008.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Paternalismo Estatal Exagerado

Uma das maiores provas que temos uma concepção extremamente paternalista de estado no Brasil é que, muitos dos processos administrativos e judiciais pleiteando benefícios assistenciais, poderiam, muito bem, ser solucionados com ações de alimentos em face de familiares mais abastados dos demandantes. Contudo, sequer existem essas ações de alimentos antecedendo as ações pleiteando benefícios assistenciais, ou, ao menos, trabalhando no atendimento da Defensoria Pública da União do Pará e me deparando todo dia com inúmeros processos judiciais e administrativos em busca de auxílio financeiro do Estado, eu nunca vi. 

Conclusão: Temos uma noção tão paternalista de estado, que esperamos mais do estado que dos nossos familiares. Não seria certo que as pessoas próximas por vínculos sanguíneos tivessem que prestar auxílio (aos que a lei considera merecedores de auxílio, não à qualquer preguiçoso), ao invés de toda sociedade ter que prestar auxílio? É muito dinheiro gasto em auxílio que podia ser convertido em outras políticas públicas muito úteis... A primeira solução não devia ser buscar auxílio financeiro nos cofres da previdência, mas no bolso dos familiares.

São Paulo, 02 de abril de 2013.

Obediência Acadêmica

"Ser obediente no mundo acadêmico é ótimo. Você terá uma vida sem obstáculos." DIDIER, Fredie.

Os obedientes não inovam e pouco contribuem, mas também não sofrem. Ser incompreendido é um sofrimento e, mudar, ou pelo menos fazer com que outras pessoas reflitam sobre novas opiniões/teorias é tarefa das mais trabalhosas.

São Paulo, 03 de abril de 2013.

Lollapalooza 2013 - Dias 30 e 31/03.



Foto: Uma das únicas que restou do festival, considerando o furto do meu celular.
Em termos de segurança:
Tenho que ressaltar que o festival teve problemas de segurança muito sérios, eram várias quadrilhas dentro do festival e seguranças mal treinados. A verdade é que como o do ano passado foi tranquilo, eles não tiveram o preparo suficiente pra esse. O segurança me desencorajou a fazer o Boletim de Ocorrência, nem queria me tirar do meio das pessoas para me dirigir aos policiais do local. Despreparo Total. Muita gente tentando recuperar seus celulares no dia seguinte na Delegacia (Deatur).
Em termos de shows (os que eu assisti, claro):
31/03 - Domingo:
O que foi o show do Kaiser Chiefs? Incrível, vocalista macaco, público animado, volume dos instrumentos bons. Nossa, um dos melhores shows do festival. Público ia ao delírio em cada refrão de sucesso (exemplo: RUBY, RUBY, RUBY, RUBY!), e praticamente não deixava cair a animação quando a banda tocava suas músicas novas. Vocalista se pendurou em tudo quanto lugar que ele achou, subiu no público, correu de um lado pro outro do palco, interagiu com os demais integrantes. É, isso que eu chamo de show!
Esperava muito do The Hives, que já são agitados nos clipes, e eles não me decepcionaram. Muito bom também, muita interação com o público. Os integrantes todos uniformizados é algo bem bonito de se ver. A cara de louca do vocalista era hipnotizante. O vocalista não deixava o público desanimar e repetia suas perguntas reiteradas vezes quando achava a resposta do público desanimada. Tocaram clássicos como Hate to Say I Told You So, See the idiot walk, etc.
Pearl Jam, até eu ser furtada, tava muito bom. O lado bom de ter sido furtada é que eu passei por aquela frente onde só tem agente de segurança pública, sabe? Vi o Eddie de pertinho, show muito bom, emocionante. Sinto falta dessa vibe de banda das antigas, conheci umas mulheres que eram fãs de Pearl Jam há 20 anos, que é quase minha idade. Acho isso lindo. A humildade do Eddie é comovente e eu gosto daquele clima politizado típico de banda dos anos 90, de falar de direitos humanos e avanços legislativos. Tocaram dos clássicos às mais recentes, até porque, tiveram tempo pra isso, 02h30min de show.
30/03 - Sábado:
Não esperava, mas domingo foi tão bom ou melhor que sábado. Sábado, adoro o som do Black Keys, mas o show foi meio desanimado. Apesar do vocalista ser a coisa mais linda e charmosa desse mundo, com os seus 'OH YEAH' super sexys. Tocaram, bem, variariam entre as músicas dos seus CDs.
Adoro o Gary Clark Jr. e a vibe cool dele, mas pra quem tá cotado pra ser o novo Jimi Hendrix, falta mais interação com o público e com os próprios instrumentos. O que as letras dele tem de cativantes, a performance dele carece de muita animação. Tanto faz, na verdade, ele podia estar sentado, mas o show já valeria por ver aquele jeito e técnica incrível de tocar guitarra. E o que eram aquelas gritarras? Lindas, devem custar mais do que ele recebeu pra participar do festival.
Então, Queens of the Stone Age foi lindo. Acho que a organização do festival se deixou levar pelos sucessos do momento, porque dar 01 hora de show pro Queens e, sei lá, 02h pra Black Keys, foi um erro. Algumas músicas do Queens possuem conotação sexual, e o Josh não faz questão nenhuma de disfarçar isso, fazendo símbolos explícitos. Além do mais, ele é muito charmoso. Os demais integrantes também muito empolgados. O problema é que como o show foi muito curto, não deu tempo de tocar nem metade dos clássicos da banda.
Alabama Shakes, a Britanny foi tudo que eu esperava. Nossa, que voz, ver de pertinho aquela potência vocal foi incrível. Ela é carismática e simples, não tá afim de pagar de super mega diva, cativa pela simplicidade e sinceridade das letras. Os outros integrantes eram bem calminhos, exceto o baterista que também era animado. Ela é, definitivamente, a frontwoman da banda.
Aah, a pista eletrônica era animada, passei lá só uma vez, no sábado, quando cheguei cedo ao festival, porque não é o tipo de música que faz meu estilo. Pra quem gosta ou pra quem não tem show pra determinado horário, é um lugar legal de dar uma passada.
É isso, que venha o Lollapalooza 2014, dessa vez com celular escondido nos peitos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Leigos Instruídos

"Leigos instruídos" (FREUD, Sigmund, 1899).

O que interpreto como sendo pessoas que foram submetidas ao processo formal de aprendizagem, sendo considerados "instruídos" porque, em sua grande maioria, apenas memorizaram o que, em determinada época foi considerado como o conhecimento necessário. Contudo, em momento algum muitas dessas pessoas aprenderam a pensar/raciocinar/refletir em cima do conhecimento que lhes foi fornecido, ou mesmo, em cima de suas próprias atitudes. Parecem absorver tudo que lhes é imposto como sendo verdade/conhecimento sem questionar minimamente. Essa definição freudiana, que ousei interpretar, descreve, infelizmente, a maioria das pessoas que conheço. Passam pelo mundo sem perceber e sem que o mundo e outros seres racionais os percebam.

São Paulo, 02 de abril de 2013.