sábado, 17 de maio de 2014

'E eu, eu sou talvez a maior vítima dessa contradição porque, por uma razão desconhecida, sou hipersensível a tudo que é dissonante, como se tivesse um ouvido absoluto para fífias, para as contradições.' Muriel Barbery

segunda-feira, 31 de março de 2014

As pessoas ridicularizam tanto os sonhadores e os idealistas, que, por muito tempo, fiquei com vergonha de admitir que é isso que eu realmente sou. Eu quero um mundo melhor e, quero contribuir pra que ele se torne melhor.

Não quero fazer parte desse exército pessimista que adora dizer o quanto o mundo não tem jeito, o quanto as pessoas não prestam e que nunca nada vai melhorar. Pra ser honesta, não sei como alguém consegue sobreviver realmente achando isso, não sei. 

O absurdo é que o idealismo e a vontade de mudar são vistos como condutas infantis, as pessoas se acham muito adultas em todo seu pessimismo inerte. Não passa, contudo, de uma inversão ilógica da verdade... porque, ao menos do jeito que eu aprendi, os adultos tomavam as atitudes e as crianças que ficavam brincando. E hoje, as nossas crianças não param de brincar. Não param de brincar de ser pessimistas. Pena que nossas crianças tem bem mais que 07, 10 ou 11 anos...

E antes que algum pessimista tente me ridicularizar perguntando porque ainda não doei todos os bens e fui ajudar na África. Bem, eu respondo que essas grandes atitudes, apesar de maravilhosas e extremamente nobres, não são suficientes, elas precisam das pequenas, das atitudes diárias... porque não só as grandes atitudes mudam o mundo, muito pelo contrário, elas dependem das pequenas atitudes, das pequenas atitudes diárias.

sábado, 29 de março de 2014

Cada vez mais tenho a certeza que é a curiosidade que me mantém viva
Ora apenas seguindo, ora extasiada com algo novo
Totalmente apaixonada por uma música
Totalmente indignada com um comportamento humano
Totalmente absorta nessa humanidade tão viva

O tédio não me parece possível diante de tantas possíveis descobertas

Quero descobrir
Quero descobrir tudo
Quero descobrir tudo agora
Para sair desse estado de eterna ansiedade
Para sair desse estado de eterna curiosidade
Preciso descobrir tudo de você, vida

E a impossibilidade de obter a totalidade dessa descoberta é o que me faz seguir... vivendo.
"She was the still point of the turning world, man."

-Trip about Lux, The Virgin Suicides
O tempo presente e o tempo passado
Estão ambos talvez presentes no tempo futuro,
E o tempo futuro contido no tempo passado.
Se todo o tempo é eternamente presente
Todo o tempo é irredimível.
O que podia ter sido é uma abstracção
Permanecendo possibilidade perpétua
Apenas num mundo de especulação.
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.
Ecoam passos na memória
Ao longo do corredor que não seguimos
Em direcção à porta que nunca abrimos
Para o roseiral. As minhas palavres ecoam
Assim, no teu espirito.

(...)

Vai, vai, vai, disse a ave: o género humano
Não pode suportar muita realidade.
O tempo passado e o tempo futuro
O que podia ter sido e o que foi
Tendem para um só fim, que é sempre presente.

(...)

T.S. Eliot

sábado, 15 de março de 2014

Minhas Top 5 melhores cantoras/vocalistas mulheres

1 - Nina Simone (cause it's just impossible competing with her, bitcheees!);
2 - Brittany Howard do Alabama Shakes (só tem um CD até agora, mas é muito apaixonante para não constar);
3 - Brody Dalle (especialmente a fase Distillers, obviamente);
4 - Cat Power (definida brilhantemente pela minha querida amiga Márcia Tojal como: Rainha dos Sussurros);
5 - Juliette Lewis (com os Licks ou cantando solo em Assassinos por natureza, tanto pela voz, como pela atitude e tudo mais).

Queria colocar uma cantora pop pra lista ficar diversificada, mas aí não seria minha lista. Não tinha 'Minha' no título, mas coloquei antes de ser criticada por citar Brody e Juliette e não Aretha ou Billie.

Desculpa PJ, Patti, Courtney, Ella e afins, mas eram só 05, sabe... Top 5's podem ser cruéis. 

terça-feira, 11 de março de 2014

Gosto musical das minhas sogras

Comecei a recapitular minha vida amorosa mentalmente. Talvez eu esteja entrando em uma vibe nostálgica perigosa, talvez seja só efeito deste final de tarde de domingo. Ok, definitavamente é só resultado de divagações dominguísticas.

A verdade é que eu não lembro o nome de quase nenhuma das minhas sogras, mal tenho certeza do nome das mais recentes. E olha que um dos meus namorados tinha o nome da mãe tatuado no braço, o que ele certamente fez como homenagem, mas eu só via aquilo como um lembrete eterno que me permitia não decorar o nome da tal senhora (era algo tipo Sandra, ou será que era Solange? bem, muito provavelmente era com a letra S, eu acho...).

Aliás, verdade seja dita, lembro até o gosto musical de algumas dessas senhoras, mas do nome... do nome eu não lembro não. Não é que eu tenha uma dislexia ou amnésia seletiva para substantivos próprios, mas é que estrategicamente falando, saber se elas gostavam de Chico Buarque ou de sertanejo parecia dizer mais sobre elas do que a organização de vogais e consoantes pela qual elas são socialmente conhecidas.

A grande merda dessa situação é que se eu encontrar alguma delas na rua, eu não posso simplesmente cumprimentar dizendo: "E aí, Tia Calypso, tudo bom?"

Voltando ao gosto musical dos filhos... Passei a vida inteira achando que só seria feliz com um namorado com excelente gosto musical. Na verdade, excelente gosto musical era pouco pro que eu queria, eu queria um nerd da música, daqueles que conhecem algumas bandas obscuras de rock do Afeganistão. Até hoje quando alguém me conta uma história de batalha, persistência e privação econômica que passou na juventude pra conseguir um CD, eu fico encantada e, se for alguém do sexo oposto, tal história certamente acelerará o processo de apaixonamento. Meu namorado importou um CD de uma banda (na época desconhecida, hoje relativamente mainstream), numa loja que vendia CDs raros (e mesmo assim não tinha o CD que ele queria lá!!) por um preço salgado (que levou todas as economias juvenis dele), isso tudo aos 13 anos... mal ele sabia que isso faria dele um adulto sexy. Praticamente o equivalente a um George Clooney para fãs de música.

Acontece que eu cheguei a conclusão que estive errada nessa predileção por nerds da música. Constatei esse fato trágico quando resolvi fazer uma lista com as músicas maravilhosas, hoje estragadas para mim, por estarem relacionadas com frustrações amorosas. Aqui seguem alguns exemplos:

1 - In My Head - QOTSA
2 - Preciso dizer que te amo - Cazuza
3 - The lovers are losing - Keane
4. Wonderwall - Oasis (foi do meu primeiro amor essa, me dê um desconto aí)
5. Sunshine of your love - Cream (ainda não acredito que perdi essa maravilha do universo pra uma frustração amorosa)
6 - True Love Way - Kings of Leon
Etc, etc, etc. 
(Devolvam minhas músicas, seus malditos!!!)

Bolei, por isso, inclusive, uma estratégia para relacionamentos afetivos: a hora de decidir se você quer algo sério com alguém é quando ela começa a relacionar músicas boas com o que vocês têm. Dane-se toda a sua liberdade da vida solteira, a esbórnia e afins, o que você precisa mesmo se preocupar em perder são suas músicas do coração. Uma amiga minha não consegue mais ouvir Pink Floyd sem lembrar do ex-namorado babaca. Como ela vai superar isso? Digo, isso de ficar sem associar Pink Floyd a um babaca, não do babaca em si, esse ela esquece logo logo.

É por isso que eu vou passar o resto da minha vida com meu namorado, músicas incríveis demais estão em jogo pra gente pensar em terminar (e ok, eu também amo muito ele e as bandas obscuras de shoegaze que ele gosta). Ah, e precisava dizer... sabe a minha atual sogra? Ela gosta de Bowie. Obrigada Universo.