terça-feira, 11 de março de 2014

Gosto musical das minhas sogras

Comecei a recapitular minha vida amorosa mentalmente. Talvez eu esteja entrando em uma vibe nostálgica perigosa, talvez seja só efeito deste final de tarde de domingo. Ok, definitavamente é só resultado de divagações dominguísticas.

A verdade é que eu não lembro o nome de quase nenhuma das minhas sogras, mal tenho certeza do nome das mais recentes. E olha que um dos meus namorados tinha o nome da mãe tatuado no braço, o que ele certamente fez como homenagem, mas eu só via aquilo como um lembrete eterno que me permitia não decorar o nome da tal senhora (era algo tipo Sandra, ou será que era Solange? bem, muito provavelmente era com a letra S, eu acho...).

Aliás, verdade seja dita, lembro até o gosto musical de algumas dessas senhoras, mas do nome... do nome eu não lembro não. Não é que eu tenha uma dislexia ou amnésia seletiva para substantivos próprios, mas é que estrategicamente falando, saber se elas gostavam de Chico Buarque ou de sertanejo parecia dizer mais sobre elas do que a organização de vogais e consoantes pela qual elas são socialmente conhecidas.

A grande merda dessa situação é que se eu encontrar alguma delas na rua, eu não posso simplesmente cumprimentar dizendo: "E aí, Tia Calypso, tudo bom?"

Voltando ao gosto musical dos filhos... Passei a vida inteira achando que só seria feliz com um namorado com excelente gosto musical. Na verdade, excelente gosto musical era pouco pro que eu queria, eu queria um nerd da música, daqueles que conhecem algumas bandas obscuras de rock do Afeganistão. Até hoje quando alguém me conta uma história de batalha, persistência e privação econômica que passou na juventude pra conseguir um CD, eu fico encantada e, se for alguém do sexo oposto, tal história certamente acelerará o processo de apaixonamento. Meu namorado importou um CD de uma banda (na época desconhecida, hoje relativamente mainstream), numa loja que vendia CDs raros (e mesmo assim não tinha o CD que ele queria lá!!) por um preço salgado (que levou todas as economias juvenis dele), isso tudo aos 13 anos... mal ele sabia que isso faria dele um adulto sexy. Praticamente o equivalente a um George Clooney para fãs de música.

Acontece que eu cheguei a conclusão que estive errada nessa predileção por nerds da música. Constatei esse fato trágico quando resolvi fazer uma lista com as músicas maravilhosas, hoje estragadas para mim, por estarem relacionadas com frustrações amorosas. Aqui seguem alguns exemplos:

1 - In My Head - QOTSA
2 - Preciso dizer que te amo - Cazuza
3 - The lovers are losing - Keane
4. Wonderwall - Oasis (foi do meu primeiro amor essa, me dê um desconto aí)
5. Sunshine of your love - Cream (ainda não acredito que perdi essa maravilha do universo pra uma frustração amorosa)
6 - True Love Way - Kings of Leon
Etc, etc, etc. 
(Devolvam minhas músicas, seus malditos!!!)

Bolei, por isso, inclusive, uma estratégia para relacionamentos afetivos: a hora de decidir se você quer algo sério com alguém é quando ela começa a relacionar músicas boas com o que vocês têm. Dane-se toda a sua liberdade da vida solteira, a esbórnia e afins, o que você precisa mesmo se preocupar em perder são suas músicas do coração. Uma amiga minha não consegue mais ouvir Pink Floyd sem lembrar do ex-namorado babaca. Como ela vai superar isso? Digo, isso de ficar sem associar Pink Floyd a um babaca, não do babaca em si, esse ela esquece logo logo.

É por isso que eu vou passar o resto da minha vida com meu namorado, músicas incríveis demais estão em jogo pra gente pensar em terminar (e ok, eu também amo muito ele e as bandas obscuras de shoegaze que ele gosta). Ah, e precisava dizer... sabe a minha atual sogra? Ela gosta de Bowie. Obrigada Universo. 

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